FOTOGRAFANDO RARIDADES: ÁGUIA-CINZENTA E PATO-MERGULHÃO
No começo deste mês de julho estive guiando os amigos Vicente Antunes e Denise Cardoso em mais uma aventura fotográfica no Parque Nacional da Serra da Canastra.

Apesar de não ser a melhor época para aves, este inverno nos revelou ótimos avistamentos e registros surpreendentes como os da águia-cinzenta (Urubitinga coronata)e o pato-mergulhão (Mergus octsetaceus).


Denise e Vicente: paixão pela fotografia e natureza.
Logo no primeiro ponto, mesmo antes de entrar no parque, fotografamos choca-da-mata, mariquita, trinca-ferro-verdadeiro, beija-flor-tesoura-verde, beija-flor-de-fronte-violeta, sebinho-de-olho-de-ouro, tiê-preto, tico-tico-rei-cinza, com destaque para um jovem soldadinho (Antilophia galeata) com a plumagem em período de muda.


Este soldadinho (Antilophia galeata) sub-adulto nos encantou com sua bela plumagem em transição.
Assim que entramos no parque encontramos um casal de bandoletas, espécie há muito procurada por Denise e Vicente, que fizeram ótimas fotografias.


A bandoleta (Cypsnagra hirundinacea) era uma espéciE há muito procurada por Denise e Vicente, que nesta viagem puderam realizar o sonho de registrá-la.
Os endêmicos papa-moscas-do-campo (Culicivora caudacuta) e corruíra-do-campo (Cisthotorus platensis) logo apareceram e permitiram excelentes registros sob uma luz especial, só encontrada nos vastos campos de altitude da Serra da Canastra.


Uma curiosa família de papa-moscas-do-campo se aproximou, eram pelo menos seis indivíduos, estavam muito calmos e permitiram lindos registros.
Furtivamente essa corruíra-do-campo deixava a vegetação densa, se exibindo por segundos para nossas lentes.
Apesar do inverno, os galitos (Alectrurus tricolor) já começaram a aparecer com maior abundância, alguns machos já apresentam a cauda de formato singular praticamente formada, como este da foto:


Apesar do inverno, os galitos (Alectrurus tricolor) já começaram a aparecer com maior abundância, alguns machos já apresentam a cauda de formato singular praticamente formada, como este da foto:
No finalzinho do dia, tivemos nosso primeiro contato com a grandiosa águia-cizenta (Urubitinga coronata), ao longe, pousada sobre um cupim. No dia seguinte, teríamos a chance de fotografá-la bem de pertinho, inclusive em voo. A águia mais rara do Brasil ainda é comum por aqui, sendo frequentemente avistada caçando nos campos naturais na região do Parna Canastra.


Do alto de um cupinzeiro a águia-cinzenta espreita os campos naturais em busca de presas. Pequenos roedores, mamíferos de pequeno porte, e até tatus estão entre as presas comuns dessa espécie extremamente ameaçada de extinção.
Com uma envergadura que chega a 2 metros, esse magnífico accipitrídeo tem um voo majestoso, que pudemos observar em todos os detalhes.
Enquanto fotografávamos a águia-cinzenta, um encontro inusitado - a fotógrafa Ruth Gobbo fazia um editorial com a modelo Nicolli Cerchi e aproveitou nosso jipe como cenário! Um momento de descontração enquanto revíamos velhos amigos.


Nossa Toyota Bandeirante serviu de cenário para a modelo Nicolli, em fotografia de Ruth Gobbo.
A fotógrafa Ruth em ação.
Outra raridade da Canastra, o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) era um de nossos principais desejos de avistamento. Comentávamos sobre a possibilidade de avistá-lo nas primeiras horas da manhã, já que se encontra em período de reprodução, época em que os casais ficam mais calmos e passam mais tempo em pontos determinados do rio.


Iluminada pela primeira luz do dia, Denise fotografa a tiriba-de-testa-vermelha.
Tivemos sorte! Encontramos o casal de patos numa gélida manhã de julho, nadando calmamente nas translúcidas águas do Rio São Francisco. Um momento raro, carregado de emoção, que nos fez sentir o privilégio de contemplar uma cena tão especial.

O pato-mergulhão é hoje uma das aves mais ameaçadas do mundo, devido à perda de seu habitat natural: Rios de águas cristalinas, livres de barragens, com abundância de pequenos peixes e mata-ciliar preservada. Este casal de patos encontrou estas características nos primeiros quilômetros do Rio São Francisco, em cujas águas nadava soberano quando o avistamos.
Durante a viagem, vimos dois répteis interessantes atravessando a estrada-parque:
Esta, chamada boivepa, cujo desenho imita o de uma cascavel, possivelmente como recurso para afugentar predadores.
E essa linda "cobra de vidro", (que na verdade é um lagarto sem patas) que salvamos de ser atropelada. Foto: Denise Cardoso
Ao final do dia um colororido arco-íris, para fechar com poesia uma viagem primorosa, recheada de momentos de aventura e emoção, nesse santuário de vida selvagem que é o Parque Nacional da Serra da Canastra.