COA SULFLUMINENSE, COA RJ E ECOAVIS VISITAM A CANASTRA
Neste mês de setembro estive guiando os amigos Rodolfo Eller (Amigos das Aves e COA Sulfluminense), Ricardo Gagliardi, Guilherme Serpa (COA RJ), Daniel Esser, Daniel Santos, Paulo Couto e Luis Henrique (ECOAVIS MG) em uma expedição de quatro dias no entorno do Parque Nacional da Serra da Canastra, no município de Sacramento MG.
Daniel Santos, Rodolfo Eller, Luis Henrique, Daniel Esser, Guilherme Serpa, Paulo Couto e Ricardo Gagliardi fotografam o galito (Alectrurus tricolor) em uma área de campo nativo preservada no município de Sacramento MG.
Um grupo grande e heterogêneo, composto por pessoas de idades diversas, e com diferentes experiências na observação de pássaros, mas com um traço em comum: o amor pelas aves.

O azulão (Cyanoloxia brissonii) foi um dos primeiros a aparecer, e permitiu observá-lo enquanto se alimentava calmamente destas florzinhas.
O passeio começou com incertezas: o Parque Nacional fechado devido aos incêndios que consumiram quase toda a área de preservação; as áreas de entorno também atingidas pelo fogo; um clima muito quente e seco contribuíam para que todos estivessem apreensivos, pois não sabíamos direito o que iríamos encontrar.

Felizmente Sacramento é um município imenso, que ainda conta com grandes fragmentos de campo nativo e matas preservadas, onde encontramos a maioria das espécies que procurávamos.

Galito (Alectrurus tricolor), papa-moscas-do-campo (Culicivora caudacuta), andarilho (Geositta leocoptera) e corruíra-do-campo (Cistothorus platensis) se refugiavam nessas áres livres das queimadas.


O Birdwatching é uma atividade que pode ser praticada por pessoas de todas as idades.
O papagaio-galego (Alipiopsitta xanthops) também ofereceu ótimas oportunidades de fotografia.
Seguindo o fogo, gaviões-caboclo e de rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus) se aproveitavam das presas desnorteadas que fugiam das chamas devastadoras.
Do alto do céu, em formação, os gaviões-de-rabo-branco localizam as presas que fogem do fogo. Voando próximos às chamas, eles preparam o bote certeiro...
...E terminam por abater a presa indefesa. Nesta caso, um filhote de codorna-amarela (Nothura maculosa).
Apesar da dramaticidade, a ocasião se tornou propícia para excelentes fotografias, como esta do albicaudatus em voo.
Alimentando-se em uma carcaça encontramos um majestoso urubu-rei, que rendou ótimas fotos. Além de uma águia-chilena que inesperadamente passou voando baixinho, sem, contudo, oferecer oportunidade para fotografias.
O urubu-rei (Sarcoramphus papa) esteve por duas vezes visitando uma pequena carcaça na área de entorno do Parque.
O pessoal fotografando o galito (Alectrurus tricolor).
Ricardo e Guilherme aproximam-se camuflados pelo capim nativo...
...Já o Daniel Esser usa uma estratégia diferente, esperando calmamente até que a ave venha até ele. E não é que deu certo?!
Enquanto Ricardo gravava o canto da corruíra-do-campo.
Já no final da viagem, eu e o Paulo Couto resolvemos investigar uma pequena área de brejo. Qual não foi nossa surpresa ao encontrarmos um bando misto de Sporophilas, composto por dezenas de patativas e caboclinhos. Parecia que ilhadas pelo do fogo, as aves haviam se refugiado naquele pequeno brejinho.

No meio do bando, encontramos o caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxanta). Aí, tivemos de voltar correndo e convidar o resto da turma para fotografar! O bicho colaborou e deu oportunidade a todos de fazerem ótimos registros.

O caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxanta) foi um belo achado já no finalzinho da expedição.
No caminho, ainda encontramos uma fêmea de papa-moscas-canela (Polystictus pectoralis), ave com pouquíssimos registros na região. O Paulo Couto foi o único que conseguiu registrá-la.

O papa-moscas-canela, fotografado pelo Paulo Couto.
Daniel Santos, eu, Paulo Couto e Luis Henrique, fechando a viagem no interior da Gruta dos Palhares, em Sacramento MG. Foto: Daniel Santos.
Essa foi uma expedição memorável, marcada por lances emocionantes e cheia de surpresas até o último minuto. Uma viagem em que nos sentimos tristes, pelas cenas dramáticas e chocantes da devastação provocada pelos incêndios, mas ao mesmo tempo felizes, pela constatação de que exuberantes e ameaçadas formas de vida ainda perpetuam nos arredores da incomensurável Serra da Canastra.