Quem está acostumado a fotografar a natureza, principalmente a vida selvagem, sabe que certas espécies não são fáceis de encontrar. Algumas parecem fugir de nós, sempre levando vantagem num jogo de
"gato e rato", como os personagens dos antigos desenhos animados. No entanto, mesmo entre as difíceis, existem algumas com as quais temos uma história de sorte.
A minha espécie da sorte é o urubu-rei (Sarcoramphus papa), esse gigante das aves de rapina está sempre no meu caminho e já me proporcionou registros incríveis e momentos arrepiantes, como
este em companhia do amigo João Souza. Outro momento especial aconteceu em um chuvoso dezembro na Serra da Canastra. Acompanhado da esposa Camila e do amigo José Maria, cortávamos as montanhas no zigue-zague das estradinhas lamacentas no entorno do Parque Nacional.
Em certo momento, ao longe avistamos uns pontinhos brancos que se destacavam da massa verde das florestas de encosta que predominam na paisagem da parte baixa da Canastra. Eram dois urubus-rei, pousados no topo dos galhos retorcidos do que restou de uma antiga árvore morta.
Estavam muito longe, o terreno era íngreme, a chuva ameaçava despencar e por um tempo cogitamos se valeria a pena caminhar até lá, ainda mais carregando o pesado equipamento fotográfico. Por sorte resolvemos arriscar. Com cuidado nos esgueiramos ladeira abaixo até alcançar o limite seguro ante a beira do penhasco. Dali não se podia passar. Ajustamos o equipamento e nos pusemos a fotografar, mesmo à longa distância, até que o Zé propôs que subíssemos uma colina próxima, de lá poderíamos nos aproximar e teríamos melhor ângulo.